O campo paranaense deve encerrar 2025 com um dos maiores desempenhos da sua história. Segundo o Boletim Conjuntural desta semana, do Departamento de Economia Rural (Deral), a combinação do excelente resultado da safra de grãos e o crescimento da pecuária deve fazer o Valor Bruto da Produção (VBP) do Estado ultrapassar os R$ 200 bilhões. Em 2024, o VBP do Paraná ficou em R$ 188,4 milhões – o que sinaliza que, do ano passado para cá, a força econômica do setor cresceu expressivamente.
“O VBP representa, de forma simples, todo o faturamento gerado pela produção agropecuária dentro do Estado. Ou seja, soma quanto vale o que é produzido nas lavouras, na pecuária e em outras cadeias do campo. É um indicador importante porque mostra a potência do agro, ajuda a dimensionar o impacto das safras sobre a renda regional e orienta decisões de políticas públicas, planejamento e investimentos”, explica a economista do Deral, Larissa Nahirny. De acordo com ela, a expectativa do VBP paranaense superior a R$ 200 bilhões deve ser confirmada, com números mais detalhados, já no próximo semestre.
Segundo projeções do Deral, a marca de R$ 200 bilhões no VBP em 2025 será alavancada pelo salto da produção agrícola paranaense, especialmente com a safra recorde de grãos. A soja e o milho da segunda safra se destacam com recuperação significativa de volume, e preços relativamente estáveis. No conjunto, apenas essas cadeias já garantem incremento de aproximadamente R$ 10 bilhões ao VBP, ultrapassando R$ 81 bilhões na agricultura.
Ao mesmo tempo, a pecuária paranaense mantém desempenho favorável. A soma do valor gerado por frangos, bovinos, suínos, leite e ovos alcança cerca de R$ 66 bilhões, avanço superior a 10% em relação ao ano anterior. A abertura de mercados internacionais, como o recente ingresso da carne suína paranaense no Chile, também fortalece essa expansão. Dentro desse quadro, a tilápia segue ganhando espaço. Embora sua contribuição seja menor que a das grandes proteínas animais produzidas no Estado, a piscicultura tem crescido acima da média e, consequentemente, sua participação no VBP foi ampliada. O setor de frutas também vem registrando aumento nos preços médios, com poucas exceções, contribuindo para reforçar a expectativa de avanço no valor total da produção agropecuária paranaense.
Seguem os tópicos do Boletim do Deral:
TILÁPIA – A produção de tilápia continua sendo uma das atividades mais dinâmicas do agro paranaense. Em 2024, o VBP da piscicultura chegou a R$ 2,29 bilhões, crescimento de 10,4% em relação ao ano anterior. A tilápia representa mais de 80% desse valor e vem ganhando espaço entre as proteínas animais: sua participação subiu de 1% em 2011 para 4% em 2024. Nos últimos 14 anos, o VBP da tilápia cresceu, em média, 24% ao ano — ritmo superior ao de bovinos, suínos e frangos. Apenas entre 2022 e 2024, o valor gerado pela cadeia aumentou 46%.
SUÍNOS – Em novembro de 2025, o Chile comprou pela primeira vez um volume significativo de carne suína produzida no Paraná, somando 346,2 toneladas. A negociação foi possível porque o Estado passou a ser reconhecido como área livre de febre aftosa sem vacinação. O Chile já é o terceiro principal importador da carne suína brasileira e, para 2026, a expectativa é que se consolide entre os principais compradores do Paraná.
BOVINOS – A oferta de carne bovina no mercado interno caiu 5% em novembro, segundo o Centro de Estudos Avançado em Economia Aplicada (Cepea), devido ao aumento das exportações. Isso sustenta preços elevados, com a arroba em torno de R$ 322,50. No atacado paranaense, os cortes de dianteiro e traseiro subiram 2,7% e 7,5% em novembro, respectivamente. As festas de fim de ano tendem a manter esses preços firmes.
FRANGO – Nos três primeiros trimestres de 2025, foram abatidos 4,975 bilhões de frangos no País – um crescimento de 2,2%. O Paraná se manteve como o maior produtor nacional, com 1,711 bilhão de aves abatidas e 3,707 milhões de toneladas de carne. O Estado respondeu por 34% de todos os abates do Brasil e por quase 35% da produção nacional.
OVOS – A produção brasileira de ovos chegou a 3,045 bilhões de dúzias entre janeiro e setembro de 2025, um aumento de 6,9%. O Paraná permaneceu em oitavo lugar no ranking nacional, com 154 milhões de dúzias, 1,5% acima do registrado no ano anterior. Na produção de ovos para incubação — usados para gerar pintos de corte e de postura — o Paraná é líder absoluto, respondendo por 31,3% do total nacional.
SOJA – O plantio da soja está concluído no Paraná, totalizando 5,77 milhões de hectares. A maior parte das lavouras segue em condições propícias, mas houve uma pequena queda: 88% estão classificadas como boas, 10% como medianas e 2% como ruins. O clima menos favorável de novembro — com dias mais frios, menos sol e chuvas fortes acompanhadas de granizo — contribuiu para essa mudança. Esse atraso no desenvolvimento das plantas pode estender o ciclo da soja e, assim, atrasar o plantio do milho segunda safra em 2026. Mas a expectativa é de uma boa colheita, desde que o produtor mantenha atenção ao clima.
FEIJÃO – A colheita começou com 1% da produção já retirada. A produtividade inicial está pouco abaixo da estimada e pode comprometer o volume esperado de 200 mil toneladas. A produção atual já é inferior à safra 2024/25, que colheu 302 mil toneladas em área maior. Os preços para o produtor caíram em novembro, especialmente no feijão-preto, e a falta de reação pode afetar a segunda safra. O VBP do feijão caiu para R$ 2,2 bilhões em 2025, quase R$ 900 milhões abaixo do ano anterior. Para o consumidor, os preços mais baixos ajudam a manter a inflação de alimentos controlada.
O conjunto desses fatores evidencia um ano de recomposição e expansão da atividade agropecuária paranaense, recuperando perdas recentes e projetando bases positivas para 2026 – ainda que algumas culturas inspirem atenção por conta das condições climáticas.

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