UFFS conquista patente para bala de goma funcional que auxilia no controle do apetite

A Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Realeza obteve a concessão de mais uma carta-patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) para uma tecnologia alimentar com resultados promissores no controle do apetite. O processo envolve a produção de balas de goma enriquecidas com glucomannan, uma fibra alimentar extraída da raiz da planta Amorphophallus konjac, originária do sudeste asiático.

O glucomannan é conhecido por suas propriedades auxiliares no processo de emagrecimento, como explica a professora da UFFS, Dalila Moter Benvegnú, uma das autoras da patente. “A substância presente na bala de goma, após chegar no estômago absorve água, formando uma espécie de gel, que preenche o órgão, fornecendo a sensação de saciedade. Com aumento da saciedade, ou seja, redução do apetite, o indivíduo não vai apresentar compulsão alimentar, não consumindo alimentos de forma excessiva, evitando o ganho de peso e promovendo a redução de medidas corporais”, detalhou.

A invenção é fruto de uma trajetória iniciada em 2017 pela nutricionista formada na UFFS, Ana Carolina Santos Fernandes, na época estudante da graduação. O objetivo era criar, a partir de um fitoterápico, um novo aliado no combate ao excesso de peso. Ao pesquisar na literatura especializada sobre plantas medicinais, a egressa descobriu o potencial do konjac e buscou uma nova alternativa para utilização do glucomannan, que geralmente pode ser encontrado em forma de cápsulas como suplemento alimentar. “Pensei em como poderia administrar essa substância de uma maneira diferente, tendo maior aceitabilidade, então imaginei a bala de goma que é algo que gosto”, disse Ana ao lembrar sobre o início das pesquisas.

O desenvolvimento da bala seguiu com a orientação da professora da UFFS, Dalila Moter Benvegnú, e do professor da Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro), André Lazarin Gallina, ambos com experiência em inovação e patentes. O estudo envolveu ainda a participação da nutricionista Tainara Groli Fraree e da egressa do Programa de Pós-Graduação em Saúde, Bem-estar e Produção Animal Sustentável, Maria Carolina Alves de Martini, na época estudantes da UFFS e que também assinam a invenção da bala de goma. Ademais, cerca de 15 estudantes de graduação e pós-graduação da UFFS, participantes do grupo BioSaúde Humana & Animal auxiliaram em diversas etapas da realização da pesquisa.

Pesquisas e testes

A fórmula da bala de goma leva glucomannan em pó, gelatina, água e edulcorante nos sabores uva e limão, sendo testada no período em que Ana Carolina era estudante de nutrição e desenvolvia o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Mais recentemente, em 2023, após auxílio da professora da Univel, Stífani Machado Araujo Borstmann, o estudo foi publicado na revista científica International Journal of Biological Macromolecules, um periódico internacional que apresenta as últimas descobertas de pesquisas envolvendo aspectos químicos e biológicos de macromoléculas.

O estudo envolveu a participação de 42 indivíduos, entre 18 e 45 anos, que consumiram duas balas por dia pelo período de 14 dias, sempre após o café da manhã e o jantar. Ao final, os participantes que consumiram a bala de goma apresentaram uma redução significativa na circunferência da cintura, além de relatar menor apetite ao final do estudo, dois fatores diretamente relacionados ao controle  do peso corporal.

O depósito da patente junto ao INPI ocorreu em 2021, em parceria com a empresa GUM’S DIET, criada pela própria Ana Carolina para facilitar os trâmites legais e comerciais da invenção. “Mesmo em um trabalho de conclusão de curso, é possível gerar inovação com alto impacto. O esforço contínuo da egressa Ana Carolina na busca por algo inovador foi incansável. A proposta da bala de goma representou um diferencial diante de tantas soluções já existentes no mercado”, comentou a professora Dalila, bolsista produtividade do CNPq, que também orienta outros projetos de pesquisa voltados ao desenvolvimento tecnológico nas áreas de ciências da vida.

Apesar dos resultados animadores, o produto ainda não está disponível para venda, já que o objetivo é possibilitar a transferência de tecnologia para empresas do setor alimentício ou farmacêutico para que possam investir no aprimoramento da bala de goma. “A concessão da carta-patente em 2025, marca o encerramento de uma trajetória que começou com uma ideia ousada de uma estudante de graduação e se transformou em uma conquista concreta de inovação dentro da universidade pública”, finalizou Dalila.

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