O Teatro Guaíra, em Curitiba, foi palco do 13º encontro do Consórcio Integração Sul-Sudeste (Cosud), que reuniu governadores e vice-governadores das regiões Sul e Sudeste para discutir ações de preservação da Mata Atlântica, bioma que cobre 17 estados brasileiros, abrange 70% da população do país e responde por 80% do PIB nacional. O evento, que marcou a abertura da Conferência da Mata Atlântica, contou com a presença dos governadores do Paraná, Carlos Massa Ratinho Júnior; do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; do Espírito Santo, Renato Casagrande; do Rio de Janeiro, Cláudio Castro; de Minas Gerais, Romeu Zema; e dos vice-governadores de São Paulo, Felício Ramuth, e de Santa Catarina, Marilisa Boehm.
Compromissos e resultados concretos
Durante o encontro, os governadores apresentaram avanços significativos nas políticas públicas voltadas para a preservação da Mata Atlântica. O governador Ratinho Júnior destacou o compromisso firmado há dois anos pelo Cosud de plantar 100 milhões de árvores nativas nos sete estados que integram o consórcio. Até o momento, cerca de 35 milhões de mudas já foram plantadas, um marco importante para a restauração do bioma. Além disso, ele enfatizou iniciativas de repovoamento de rios e o apoio a pequenos agricultores, que têm a obrigação legal de preservar 20% de suas propriedades, protegendo nascentes e áreas de mata.
“Todos nós temos políticas públicas voltadas à proteção da Mata Atlântica. Nosso trabalho é garantir a preservação dessa riqueza natural e, ao mesmo tempo, criar incentivos para os pequenos produtores que cuidam de nascentes e áreas de conservação”, afirmou Ratinho Júnior.
Outros resultados apresentados incluem a ampliação do monitoramento por satélite para coibir o desmatamento, a criação de novas unidades de conservação e o fortalecimento de programas de educação ambiental. Dados do MapBiomas Alertas mostram uma redução expressiva no desmatamento do bioma, que caiu de 29 mil hectares anuais entre 2021 e 2022 para 13 mil hectares entre 2023 e 2024
Integração e resposta às mudanças climáticas
O governador Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, destacou a importância da cooperação interestadual para enfrentar os desafios climáticos, especialmente após eventos extremos como as enchentes de 2024, que receberam ampla solidariedade nacional, e as estiagens que impactam a economia gaúcha. “Independentemente de cada estado fazer sua parte, precisamos atuar juntos em ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas”, declarou.
Os governadores também reforçaram a relevância de levar as experiências regionais para a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada em Belém, Pará, em novembro de 2025. Renato Casagrande, governador do Espírito Santo, destacou a necessidade de incluir todos os biomas brasileiros nas discussões globais.
“Nosso objetivo é que cada estado tenha um plano de descarbonização e adaptação, além de buscar financiamento para a transição energética e obras de infraestrutura sustentável”, afirmou. O Consórcio Brasil Verde, que reúne 16 estados, foi citado como uma plataforma para articular essas ações.
Banco Verde: inovação do Paraná
Um dos destaques do evento foi o lançamento do “Banco Verde”, iniciativa do Paraná para financiar projetos socioambientais. Com uma estimativa inicial de aportes entre R$ 50 milhões e R$ 100 milhões por ano, o programa permitirá que empresas destinem recursos a projetos de economia de baixo carbono e valorização da biodiversidade. Cerca de 20% desses recursos serão direcionados ao Fundo Estadual do Meio Ambiente, que apoiará iniciativas de pagamento por serviços ambientais (PSA) voltadas a pequenos produtores rurais que preservam ecossistemas em suas propriedades.
Preparação para a COP 30
O evento também serviu como preparação para a COP 30, com os governadores enfatizando a importância de posicionar a Mata Atlântica e outros biomas brasileiros no centro do debate global sobre mudanças climáticas. Além da preservação ambiental, as discussões incluíram estratégias para captação de recursos internacionais para financiar a transição energética e obras de adaptação climática, como infraestrutura resiliente a eventos extremos.
Contexto da Mata Atlântica
A Mata Atlântica é um dos biomas mais ricos em biodiversidade do mundo, mas também um dos mais ameaçados, com apenas cerca de 12% de sua cobertura original preservada. As ações coordenadas pelo Cosud buscam reverter esse cenário, combinando tecnologia, políticas públicas e incentivos econômicos para proteger o bioma e promover o desenvolvimento sustentável. O 13º Cosud reafirmou o compromisso dos estados do Sul e Sudeste com a sustentabilidade e a integração regional, consolidando a “Carta de Curitiba” como um documento que reunirá as propostas apresentadas no encontro. A expectativa é que essas iniciativas inspirem outras regiões do Brasil e contribuam para o sucesso da COP 30.

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