Evolução Histórica dos Casos de Dengue em Pato Branco (2020–2024)
A cidade de Pato Branco tem enfrentado uma crescente preocupação com o aumento dos casos de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, especialmente Dengue e Chikungunya. De acordo com a Tatiany Mackievicz Zierhut, Diretora do Departamento de Vigilância em Saúde do município, a análise histórica dos dados de Dengue entre 2020 e 2024 revela um cenário preocupante. Em 2020, foram registrados apenas 93 casos confirmados. Já em 2021, esse número caiu drasticamente para apenas 4 casos. Entretanto, em 2022, o município foi surpreendido por um aumento abrupto, totalizando 4.344 casos confirmados – um salto inédito na história da cidade. O ano de 2023 apresentou uma queda significativa para 31 casos, mas essa aparente calmaria foi apenas temporária, pois em 2024 o número voltou a subir drasticamente, atingindo 4.548 casos confirmados. O aumento dos casos coincidiu com o período da pandemia de Covid-19, o que dificultou ainda mais o controle e a vigilância das arboviroses. O convite havia sido formulado pelos vereadores Diogo Grando e Rodrigo Correia.
Dengue: Padrão Sazonal e Picos de Contágio
A Dengue possui comportamento sazonal, com os primeiros casos geralmente surgindo na metade de janeiro. Em 2020, por exemplo, houve 3 casos em janeiro, 24 em fevereiro, com pico em março (49 casos), seguido por uma queda gradual até julho.O ano de 2022 apresentou uma curva epidêmica acentuada: 1 caso em janeiro, 142 em fevereiro, 1.471 em março, e o pico em abril com 1.692 casos. Os números começaram a cair em maio (918), junho (99) e seguiram em queda nos meses seguintes. Essa dinâmica se repete em 2024: janeiro teve 13 casos, fevereiro 213, março 1.052, abril 1.557, maio 1.440, junho 228, e julho 43. Em dezembro de 2024, foram confirmados dois casos, indicando uma persistência do vírus mesmo em meses menos propícios.As condições climáticas são determinantes para o aumento dos casos, pois o mosquito Aedes encontra condições ideais para se reproduzir em períodos de calor e chuva. Um fator importante é a capacidade do ovo do mosquito de permanecer viável por até um ano e meio em superfícies secas, eclodindo ao entrar em contato com água e temperaturas superiores a 20°C.
Emergência da Chikungunya em Pato Branco
Além da Dengue, o município registrou, a partir de 2023, os primeiros casos de Chikungunya. A confirmação do primeiro caso autóctone – ou seja, transmitido dentro do próprio município – ocorreu em janeiro de 2023, identificado pela unidade sentinela localizada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Em 2023, foram confirmados cinco casos: um em janeiro, dois em fevereiro e dois em março.Em 2024, o cenário se agravou: março teve 4 casos confirmados, abril 16, maio 22, junho 10 e julho 5, somando 57 casos no ano. A chikungunya também é transmitida pelo Aedes aegypti, aumentando a complexidade do controle vetorial.
Situação Atual em 2025: Notificações e Casos Confirmados
Com o início de 2025, os dados mais recentes apontam para 1.442 notificações de casos suspeitos de Dengue, dos quais 92 foram confirmados – sendo 84 autóctones. Os sorotipos identificados até o momento são o tipo 2 e o tipo 3, este último com maior risco de complicações hemorrágicas.A taxa de infestação no município atualmente é de 1,2%, conforme levantamento bimestral realizado entre janeiro e março. Esse índice coloca Pato Branco em estado de alerta.No que diz respeito à Chikungunya em 2025, até o momento foram registradas 254 notificações, com 66 casos confirmados, sendo 62 autóctones. Não há, até agora, nenhum óbito confirmado ou em investigação relacionado a essas doenças.
Distribuição dos Casos por Bairros
Os bairros com maior incidência de Dengue incluem:
- Planalto: 23 casos
- Centro: 10 casos
- Bela Vista: 10 casos
- São Cristóvão: 8 casos
- Novo Horizonte e Alvorada: 4 casos cada
- Vila Esperança, São Roque, La Salle: 3 casos cada
- Outros bairros apresentaram entre 1 e 2 casos confirmados.
Para Chikungunya, os bairros mais afetados são:
- Planalto: 32 casos
- Bela Vista: 12 casos
- Morumbi: 8 casos
- São João, Jardim Floresta e Centro: 2 casos cada
- Outros bairros como Veneza, Sudoeste, São Roque, entre outros, tiveram 1 caso confirmado cada.
Índices de Infestação e Ações de Controle
O levantamento de índice rápido do Aedes aegypti revelou pontos críticos de infestação. Em janeiro de 2025, os bairros com maiores índices foram:
- Gralha Azul: 17,8%
- Bortot: 11,3%
- Novo Horizonte: 10,2%
Em março, os maiores índices foram:
- Jardim Floresta: 4,4%
- Vila Esperança: 3,7%
- Sambugaro: 3,5%
Com base nesses dados, as ações de combate estão sendo direcionadas de forma estratégica. Os mutirões de limpeza, realizados em parceria entre a Secretaria de Saúde e a Secretaria do Meio Ambiente, têm sido fundamentais no combate aos criadouros do mosquito. Em janeiro, foi realizado um mutirão geral em toda a cidade.
Em fevereiro, as ações foram intensificadas nos bairros com altos índices:
- 5 de fevereiro: Gralha Azul – 21 cargas de entulho removidas
- 17 de fevereiro: Novo Horizonte – 53 cargas
- 24 de fevereiro: Veneza – 24 cargas
- 10 de março: Bela Vista, Paulo Afonso e Planalto
Ações de Controle e Educação no Combate à Chikungunya em Pato Branco
Como parte do esforço concentrado de combate à chikungunya em Pato Branco, a Secretaria de Saúde tem intensificado ações nos bairros com maior incidência de casos. A partir da análise dos dados, foi identificado que o foco inicial da doença esteve concentrado nos bairros Planalto, Bela Vista e Paulo Afonso.
Ação emergencial no bairro Planalto
Diante do aumento expressivo de atendimentos com suspeita de chikungunya no bairro Planalto, especialmente no feriado do dia 2, uma força-tarefa foi mobilizada em caráter emergencial. As equipes da Saúde, Meio Ambiente e Engenharia realizaram um arrastão completo na área. Foram realizadas visitas domiciliares, vistorias detalhadas e um bloqueio epidemiológico para conter a disseminação do vírus. Durante essa ação, os profissionais identificaram pontos críticos de proliferação do mosquito, como acúmulo de água e obstrução de tubulação, o que favorecia a formação de criadouros. A equipe de engenharia agiu rapidamente para desobstruir as tubulações, e também foi aplicada uma substância biológica em um riacho do parque para eliminar larvas do Aedes aegypti. Além disso, o uso de drone foi fundamental para monitorar áreas de difícil acesso, permitindo uma visão aérea que ajudou na identificação de possíveis focos escondidos em telhados, calhas e terrenos baldios.
Educação como ferramenta de prevenção
A atuação das Agentes Comunitárias de Endemias (ACE), que somam atualmente 44 profissionais, é fundamental não apenas para o controle direto do mosquito, mas também na conscientização da população. O trabalho educativo realizado por elas nas escolas, por meio de atividades lúdicas com personagens representando os mosquitos, visa envolver as crianças como multiplicadoras da informação dentro de casa. Essa estratégia tem se mostrado eficaz, pois as crianças repassam os cuidados aprendidos aos familiares, ajudando a fortalecer a vigilância comunitária contra o mosquito transmissor da chikungunya.
Enfrentando os desafios nas visitas domiciliares
Durante as visitas, as equipes enfrentam situações preocupantes. Muitas residências ainda acumulam entulho, piscinas sem manutenção e diversos objetos que servem como criadouros. Embora a orientação seja sempre o primeiro passo, quando necessário, são emitidas notificações aos moradores exigindo a limpeza do local em prazo determinado.Infelizmente, em muitos casos, o volume de resíduos é tão grande que as equipes do Meio Ambiente enfrentam dificuldades para a remoção — muitas vezes, é necessário realizar o carregamento manual de móveis, eletrodomésticos e outros objetos descartados de forma irregular.
Resultados e continuidade do trabalho
Os dados apresentados mostram uma atuação contínua e coordenada entre diversas secretarias, que vêm trabalhando juntas desde 2020. Em 2024, esse esforço se intensificou com mutirões em bairros como São Roque do Chopim, Jardim Floresta e Santa Fé, totalizando 153 cargas de entulho removidas até o momento.Essas ações conjuntas são fundamentais para conter a proliferação do Aedes aegypti em Pato Branco. A luta contra a chikungunya exige vigilância constante, envolvimento comunitário e políticas públicas eficazes — e a cidade segue empenhada nesse compromisso com a saúde da população.
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