Na manhã desta quarta-feira (9) a Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa) apresentou os primeiros resultados de uma auditoria realizada no Nota Paraná. O trabalho identificou que 616 das 1.860 entidades sociais participantes – cerca de um terço do total – cometeram algum tipo de irregularidade ao longo dos últimos anos. A Sefa também informou o bloqueio do acesso a recursos oriundos de doações de notas fiscais por essas instituições.
Algumas das irregularidades são simples, como a falta de documentos ou de informações por algumas organizações, e podem ser facilmente corrigidas, com posterior desbloqueio dos recursos. Outras, no entanto, envolvem questões mais graves, incluindo violações às regras do programa, incongruências na prestação de contas e até tentativas de fraude. Além do combate às fraudes, a medida do Governo do Estado visa o fortalecimento do programa nos próximos anos. A ideia é garantir que os recursos das notas fiscais doadas pelos consumidores paranaenses sejam destinados apenas a organizações sérias e comprometidas com as causas sociais para as quais foram criadas.
Confira perguntas e respostas sobre o pente-fino para entender melhor o programa:
Por que a Secretaria da Fazenda decidiu realizar um pente-fino para apurar fraudes no Nota Paraná?
A Secretaria e a coordenação do programa acompanham de perto as denúncias de irregularidades envolvendo o Nota Paraná, contando principalmente com o apoio da própria sociedade, que sempre se prontificou a fiscalizar como o programa vem sendo executado ao longo desses quase 10 anos. Sempre que uma ocorrência é identificada, a entidade é bloqueada.
Inclusive, esses casos mal eram noticiados justamente por serem considerados episódios isolados e cuja divulgação poderia prejudicar as organizações idôneas ao criar uma espécie de desconfiança na população.
Contudo, a pasta notou um aumento no número de denúncias relacionadas a tentativas de fraude, o que motivou a realização de um olhar mais minucioso para como o recurso era aplicado pelas entidades. Assim, essa operação mais incisiva vem também para mostrar que o Estado está de olho em quem viola as regras do programa, além de trazer mais transparência e justiça.
Quais foram as irregularidades identificadas?
Todos os dias o Nota Paraná recebe denúncias sobre irregularidades praticadas pelas instituições com os seguintes teores:
– Furtos de notas fiscais
– Recebimentos de arquivos de notas fiscais por e-mail
– Esquema com contadores
– Entrega de bobinas para impressão de notas fiscais
– Uso de recursos para uso pessoal
– Recursos não aplicados na entidade
– Entidades beneficiadas por fornecedores de notas fiscais
– Contratação de captadores de recursos com valores da Nota Paraná
-Urnas no comércio sem identificação
– Prestação de contas mediante recibos, sem emissão da nota fiscal
Todas essas práticas são proibidas pelo regulamento do Nota Paraná, pois tornam a distribuição dos créditos desequilibrada e até injusta. Irregularidades como recebimentos de arquivos de notas fiscais por e-mail, esquemas com contadores e entrega de bobinas para impressão de notas fiscais, por exemplo, se configuram como grandes esquemas que beneficiam apenas as entidades que já possuem muito dinheiro, fazendo com que instituições menores não recebam quase nada.
O mesmo acontece com a contratação de captadores com recursos do próprio programa: os infratores usam os valores que deveriam ser aplicados em ações sociais para otimizar seus ganhos, deixando outros grupos em uma clara desvantagem.
Isso sem falar dos roubos de urnas e notas fiscais, em que essa atitude desleal é ainda mais evidente. Além disso, notificamos uma entidade de cultura que se passava por ONG de proteção animal para conseguir angariar mais doações.
A Secretaria também identificou alguns casos mais graves. Em um deles, uma grande rede de postos criou uma entidade e repassava todas as notas fiscais geradas em seus estabelecimentos para a instituição. Com isso, recebeu mais de R$ 2,3 milhões em pouco mais de três anos.
Uma outra organização de defesa animal havia encerrado suas atividades em 2022, mas só informou o programa sobre isso em 2024. Com isso, ela recebeu R$ 460 mil indevidamente. Em janeiro de 2025, tentou reativar o CNPJ para resgatar mais créditos.
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