Atrasos nas Obras do Teatro de Pato Branco Expõem Fragilidades no Processo de Licitação Pública

Preocupação com a lentidão e ineficiência dos processos públicos

Na Câmara de Vereadores, o vereador Alexandre Zoche manifestou preocupação com os entraves burocráticos e a morosidade que marcam os processos de licitação no Brasil, citando como exemplo o caso do teatro municipal de Pato Branco, cuja obra permanece parada há anos. Zoche iniciou destacando que a gestão passada recebeu uma multa pelo não andamento das obras do teatro — uma situação que, segundo ele, vai além de uma questão partidária.

O vereador ressaltou que o problema está no formato como os processos públicos vêm sendo conduzidos, independentemente de qual administração esteja no comando. “Isso me preocupa, não por ser a gestão passada, mas pelo formato de como os processos públicos estão acontecendo. Seja gestão A, B ou C, isso sempre vai acontecer”, afirmou o vereador. Ele explicou que o processo de licitação é demorado e complexo, envolvendo diversas etapas obrigatórias. Muitas vezes, segundo Zoche, empresas vencedoras oferecem descontos acima do normal apenas para conquistar o contrato — mas acabam abandonando a obra, o que gera novos atrasos e a necessidade de refazer todo o processo licitatório.

Licitações precisam ser revistas com urgência

Para o vereador, o modelo atual de licitação pública precisa ser revisado com urgência. Zoche citou que a Lei de Responsabilidade Fiscal, criada em 2011, trouxe transparência e controle, mas também gerou dificuldades operacionais que hoje impactam a eficiência administrativa. “Eu acredito que o processo precisa ser revisto urgente. Se deixarmos como está, tem pessoas que criam CNPJs apenas para participar de licitações, sem qualquer capacidade técnica”, alertou.

O parlamentar destacou ainda que, por causa da burocracia e do ritmo lento dessas etapas, mesmo que o atual prefeito deseje retomar a obra do teatro ainda neste ano, o cronograma licitatório impede o início imediato das obras.

Problemas nas licitações online

Zoche também apontou falhas no formato digital das licitações, que permite a participação de empresas de qualquer parte do país, inclusive aquelas sem presença real ou estrutura técnica adequada. “Hoje, com as licitações abertas online, empresas lá do Nordeste podem participar de uma obra aqui. Muitas vezes, elas têm apenas um CNPJ registrado em um escritório de contabilidade, e a gente nem sabe o que acontece de fato”, explicou.

Esse cenário, segundo ele, contribui para que empresas despreparadas ganhem licitações e depois desistam, gerando atrasos e prejuízos diretos à população.

Impactos para a população e o futuro do teatro

O vereador reforçou que a maior prejudicada é sempre a população pato-branquense, que segue sem o tão aguardado espaço cultural. O teatro, destruído por um incêndio em 2018, ainda não teve suas obras retomadas.“Estamos em 2025, indo para 2026, e o teatro ainda não saiu do papel. Isso é preocupante”, lamentou.

Zoche destacou que, mesmo com boa vontade da atual gestão, a legislação e os trâmites burocráticos impedem o avanço rápido das obras públicas.

Proposta: licitações presenciais e revisão da lei

Como sugestão, o vereador defendeu que parte dos processos licitatórios volte a ser presencial, o que dificultaria a participação de empresas aventureiras e traria mais segurança às contratações municipais. “Se fossem presenciais, muitas empresas que vêm aqui só para se aventurar ficariam de fora. Assim, os municípios poderiam andar e entregar obras tão sonhadas como o nosso teatro”, argumentou.

Apesar de reconhecer que houve uma pequena movimentação recente no terreno do teatro, Zoche esclareceu que se tratava apenas de uma cedência de espaço a um vizinho, sem relação com o início das obras.

Um apelo pela cultura e pelo progresso de Pato Branco

Encerrando sua fala, o vereador expressou esperança de que a atual gestão consiga finalmente destravar o projeto e entregar à população um teatro à altura da importância cultural de Pato Branco. “Vamos torcer que essa gestão consiga desenrolar, que venha uma empresa de qualidade e faça uma obra digna. Pato Branco merece um teatro como Arena  Cláudio Petrycoski”, concluiu.

Conclusão
A fala do vereador Alexandre Zoche reforça um debate essencial sobre a modernização dos processos licitatórios no Brasil, buscando equilíbrio entre transparência, agilidade e eficiência. O caso do teatro de Pato Branco simboliza os desafios enfrentados por muitos municípios: boas intenções esbarrando em sistemas lentos e vulneráveis, que acabam penalizando justamente quem mais depende dos serviços públicos — o cidadão.

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