Em um cenário cada vez mais digital, plataformas como Instagram e TikTok têm se transformado em vitrines de desejos e padrões estéticos. A busca pela “beleza idealizada” se intensifica à medida que filtros e imagens manipuladas por inteligência artificial (IA) se espalham, moldando a percepção sobre corpo e aparência. Nesse contexto, o papel do cirurgião plástico se torna ainda mais decisivo: orientar os pacientes para um conceito de beleza que respeite suas limitações físicas e psicológicas, e não os padrões artificiais impostos pelos algoritmos.
Para o cirurgião plástico Vinícius Julio Camargo, é necessário equilibrar expectativas legítimas com limites éticos e biológicos, diante da pressão por resultados muitas vezes irreais. “Muitas vezes, o maior cuidado que um cirurgião pode oferecer é dizer ‘não’ quando necessário. Isso é parte de nosso compromisso com a saúde e bem-estar do paciente”, enfatiza.
O uso crescente de IA para criar imagens e simulações também preocupa. Dr. Vinicius relata que já recusou pacientes que chegaram ao consultório com referências geradas por inteligência artificial. “Uma paciente trouxe uma imagem de como ela ‘deveria’ ficar. Expliquei, com respeito, que aquele padrão era inalcançável e que, as mudanças promovidas pela cirurgia plástica devem, antes de tudo, respeitar a individualidade de cada pessoa”, conta.
Embora essas situações não sejam frequentes, o médico observa uma tendência crescente de pessoas inspirando-se em celebridades ou padrões de beleza amplamente promovidos nas redes sociais. “No fundo, existe a consciência de que cada pessoa deve respeitar as possibilidades que a cirurgia plástica oferece de acordo com seu biótipo físico e características individuais”, afirma.
Dr. Vinicius reforça a importância de um atendimento humanizado e personalizado. “A consulta continua sendo o espaço onde o paciente se depara com a realidade. Escuto com atenção, faço perguntas profundas e explico, com paciência, o que é possível e o que não é. A consulta é o espaço da verdade, onde a imagem idealizada dá lugar ao plano seguro e individualizado”, explica.
Para ele, a cirurgia plástica não deve ser uma “fábrica de padrões”, mas uma prática voltada ao cuidado, autoestima e bem-estar. “Nosso papel é promover mudanças que resultem em harmonia, respeitando o que cada paciente tem de mais precioso: sua individualidade”, conclui.
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