A Realidade do Bairro São João: Uma Luta Diária
O vereador Joecir Bernardi comentou na sessão do Legislativo, que no município de Pato Branco, no bairro São João, a população convive diariamente com diversas demandas e desafios. Um dos mais gritantes, porém, muitas vezes negligenciado, é a ausência total de acesso à internet em determinadas áreas, especialmente na parte baixa do bairro. Em pleno século XXI, em uma cidade com décadas de desenvolvimento, a inexistência desse serviço essencial escancara uma realidade alarmante. Para ele, a ausência de internet vai muito além da dificuldade de acessar redes sociais ou assistir vídeos. Trata-se de uma questão de segurança pública, de reação a emergências e de cidadania. Como denunciar um roubo ou pedir socorro em caso de violência doméstica se não há como se comunicar rapidamente com as autoridades? Sem internet, o morador precisa literalmente correr morro acima — por um ou dois quilômetros — para conseguir fazer um simples chamado à polícia. E quando isso acontece, o tempo de resposta é inútil: o crime já aconteceu, o agressor já fugiu, e a vítima fica desamparada.
A Internet Não é um Privilégio, é um Direito
Disse que não se trata de uma crítica direta ao Poder Executivo, pois a responsabilidade pela instalação e manutenção do serviço de internet é, em grande parte, das operadoras privadas. No entanto, é preciso que haja articulação entre o poder público e essas empresas para que soluções viáveis sejam implementadas. ˜A situação não pode mais ser tratada como um detalhe ou uma deficiência pontual. Estima-se que entre 470 e 500 residências estejam localizadas na área afetada. E essa população segue isolada digitalmente, sem poder exercer seus direitos básicos”, pontou o vereador Mesmo em outras regiões de Pato Branco, como São Francisco, Santo Antônio, Alvorada e a Baixada, ainda existem alguns “vazios” de cobertura de internet — mas são trechos pequenos, de uma ou duas quadras. No São João, o problema é generalizado.
Comunicação e Participação: O Papel da Comunidade
A falta de conectividade afeta também a mobilização da população. Muitas vezes, a demanda surge, mas sem internet, perde-se o momento de reivindicação, a urgência se esvai, e o ciclo de abandono se perpetua. Com acesso à internet, a comunidade poderia reagir em tempo real, divulgar denúncias, organizar abaixo-assinados e pressionar diretamente as autoridades competentes. A ausência desse recurso básico enfraquece a cidadania e silencia vozes legítimas. A solução passa, inevitavelmente, por uma mobilização comunitária forte e organizada. É necessário pressionar as operadoras privadas a assumirem seu papel e buscar, com o apoio do poder público, convênios ou incentivos que viabilizem a instalação da infraestrutura adequada. O bairro São João é parte integral e importante do município de Pato Branco e merece atenção proporcional à sua relevância.
Liberdade de Expressão e o Papel do Parlamento
Outro ponto levantado com ênfase foi o cuidado necessário com a liberdade de expressão. Em um ambiente democrático, como o parlamento, é essencial garantir que todas as vozes possam se manifestar — sempre com respeito, sem ataques pessoais ou ameaças. Houve menção direta ao Papa, que afirmou: “Somente povos informados podem fazer escolhas livres”, ressaltando que a comunicação deve ser livre de preconceito, rancor, fanatismo e ódio. Este princípio é fundamental. O debate público deve se concentrar nas ações e decisões políticas, e não na vida pessoal dos agentes públicos. A vida privada de qualquer servidor — seja um vereador, um governador ou qualquer cidadão — deve ser respeitada. Ataques pessoais, especialmente que envolvam familiares, são inaceitáveis e devem ser repudiados por todos.
Respeito à Vida Pessoal: Um Limite Intransponível
A defesa da privacidade foi reafirmada com firmeza. A vida familiar não deve, em hipótese alguma, ser alvo de chantagem política ou de retaliações. Nenhum servidor público deve ser ameaçado por conta de sua posição ou de seus parentes atuando legitimamente no serviço público. Se houve qualquer desrespeito à vida pessoal de membros do parlamento ou do Executivo, a solidariedade é incondicional. É fundamental separar as críticas às ações públicas das agressões pessoais. O embate político deve permanecer no campo das ideias e das decisões administrativas, nunca ultrapassando para o campo pessoal.
Conclusão: Uma Cidade Não Pode Crescer Deixando Parte do Povo para Trás
A situação do bairro São João é urgente e simbólica. Ela evidencia que o progresso não pode ser medido apenas por obras ou números, mas também por inclusão, dignidade e acesso aos direitos mais básicos. A internet hoje é uma ferramenta fundamental de comunicação, mobilização, defesa e cidadania. Deixar uma comunidade inteira sem esse recurso é condená-la ao silêncio e à invisibilidade. É hora de agir. É hora de garantir que todas as regiões de Pato Branco tenham voz, acesso à informação e, acima de tudo, respeito.
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