Abertura com Coragem e Esperança
Foi realizada na quarta-feira, dia 7, à noite, a sessão itinerante na Escola Municipal Udir Cantu, no bairro São João. Na sessão, representantes da comunidade apresentam as principais demandas da comunidade. Na verdade, as reivindicações são de longa data.
Durante uma sessão, a diretora da Escola Municipal de Udir cantu, Tatiana Palaro, fez um pronunciamento contundente e emocionado, trazendo à tona as necessidades urgentes da comunidade escolar e do bairro em que está inserida. Com a palavra, ela iniciou cumprimentando o presidente da câmara, os vereadores, funcionários da casa, professores e, especialmente, as famílias presentes — reforçando a importância do elo entre escola e comunidade. Tatiana destacou o papel das mulheres na sociedade e sugeriu, com entusiasmo e leveza, que elas estão cada vez mais próximas de ocupar espaços de liderança, inclusive nos ambientes legislativos. Essa afirmação simbolizou o tom de coragem e representatividade que marcaria toda sua fala.
A Escola como Extensão da Família
A diretora compartilhou que sua fala foi construída a partir do diálogo com famílias da comunidade, que a procuraram ao longo da semana em busca de soluções conjuntas. Segundo ela, a escola funciona como uma extensão da casa dos alunos, sendo um espaço onde crianças passam grande parte do dia. Assim, para que a aprendizagem ocorra de maneira plena, é fundamental que haja um esforço integrado entre todas as pastas da administração pública — educação, saúde, assistência social, infraestrutura, entre outras.
Estrutura Escolar e Realidade do Bairro
Apesar de reconhecer que a estrutura da escola é considerada boa, Tatiana apontou problemas sérios que comprometem o uso dos espaços em dias de chuva. O refeitório e a quadra de esportes são abertos, e os telhados sobrepostos causam goteiras e dificultam o acesso seguro dos alunos. “Abriu a porta da sala de aula, é o relento”, afirmou. Essa vulnerabilidade é refletida também nas moradias do bairro, onde famílias sofrem com alagamentos e perdas materiais a cada tempestade. A diretora denunciou que, após as chuvas, os problemas são esquecidos, e cabe novamente às famílias o esforço de reconstrução — esforço que afeta diretamente o bem-estar das crianças, sua motivação e seu desempenho escolar.
Políticas Públicas Urgentes e Integradas
Tatiana clamou por políticas públicas eficazes e emergenciais. Ela reforçou que o papel da escola é formar o cidadão em sua totalidade, mas que o aprendizado pleno só ocorre quando o aluno está com suas necessidades básicas atendidas. Quando a saúde falha, quando não há moradia digna ou acesso a medicamentos, a escola sente o impacto. Relatou casos de famílias que não conseguiram comparecer à reunião devido a doenças, especialmente dengue, e enfrentam dificuldades para buscar medicamentos em bairros vizinhos por conta da falta de transporte e dos horários restritos de circulação, principalmente aos fins de semana.
Contradições nas Exigências à Comunidade
Outro ponto abordado foi a contradição entre a cobrança da população para manter o bairro limpo e organizado e a falta de estrutura básica, como lixeiras adequadas, para que esse cuidado ocorra. Tatiana questionou se, de fato, estão sendo dadas as condições para que a comunidade faça a sua parte. Ela enfatizou o trabalho da escola na formação de cidadãos conscientes, críticos e atuantes, preparados para entender seus direitos e transformar seu entorno — e alertou que não basta apontar os problemas sem garantir meios para resolvê-los.
Educação como Transformação Real
A diretora compartilhou uma conquista expressiva da escola: após anos ocupando as últimas posições no IDEB municipal, a Escola Municipal de Udir Cantu saltou de um índice de 5.8 para 7.2 em 2023. Isso foi possível graças à união entre escola, famílias, projetos parceiros e apoio do poder público. Ela citou com carinho o projeto Jojoca Marina como exemplo de uma iniciativa que inspirou mudanças reais. Tatiana reforçou que a escola é lugar de criação, imaginação e aprendizado. Mais do que discurso, ela acredita na educação como ferramenta de transformação — uma transformação real, já iniciada na prática.
O Apelo às Lideranças
Encerrando esta parte de sua fala, Tatiana fez um apelo sincero aos vereadores. Ela recordou o dia 6 de outubro, durante as eleições, quando muitos moradores foram votar com “um papelzinho na mão”, cheios de esperança. Disse que, naquele momento, as pessoas acreditavam que estavam escolhendo seus super-heróis — e agora, ela pede que essas esperanças não sejam frustradas. Ela destacou que quando procuram os vereadores, é porque já tentaram outros caminhos. “Nós não podemos abrir muitas portas, mas vocês podem.” E concluiu agradecendo pela abertura da casa legislativa ao diálogo com a comunidade, reafirmando a importância da escuta e da presença dos representantes públicos no dia a dia da população.
Conclusão: Vozes que Ecoam por Transformação
Durante os momentos finais da fala de Marina Bertol Preisler, a urgência e a emoção ganharam ainda mais intensidade. Ela reforçou que o projeto social que representa está ao lado da comunidade, e que é necessário muito mais do que asfalto para transformar a realidade do bairro. Apesar das melhorias na infraestrutura, há inúmeros entraves burocráticos e limitações institucionais que ainda impedem que a assistência adequada chegue às pessoas. Um exemplo marcante foi a impossibilidade de médicos voluntários atuarem no projeto devido à falta de regulamentação, revelando como, muitas vezes, boas iniciativas esbarram em normas mal adaptadas à realidade local. Marina destacou também a falta de conhecimento da comunidade sobre seus próprios direitos. Muitas pessoas nem sabem pelo que podem lutar, o que reforça a importância do projeto em empoderar os moradores. Educação, cultura e esporte são algumas das frentes que têm sido trabalhadas. Ao oferecer, por exemplo, aulas de percussão para crianças que até então só conheciam o funk como referência musical, o projeto amplia horizontes e constrói novas possibilidades de futuro.
Um Apelo à Ação e à Presença
Ela fez um apelo direto: que as autoridades, os legisladores e a sociedade em geral olhem para o bairro São João com mais empatia e compromisso. O fato de o bairro estar há 30 anos enfrentando negligência não pode justificar mais 30 anos de descaso. A transformação virá com a união de todos – poder público, moradores e apoiadores. Marina finalizou agradecendo às famílias, à organizadora do evento e reiterando que o projeto está de portas abertas. “Estamos a seis quilômetros e meio do centro. Quem quiser conhecer, será bem-vindo”, afirmou, deixando claro que a transparência e a cooperação são pilares de sua atuação.
A Voz da Liderança Comunitária
Logo após a fala de Marina, a tribuna foi cedida a Ademir Luiz Lourenço, presidente do bairro São João, que trouxe à tona mais desafios enfrentados pela comunidade. Ele começou complementando os pontos levantados por Marina, apontando que o UPA mais próximo está a 13 km do bairro – um trajeto difícil e precário, cheio de obstáculos e acessos comprometidos. Para muitas pessoas, especialmente em situação de vulnerabilidade, essa distância representa uma barreira intransponível para atendimento de saúde.
Agradecimentos e Alerta sobre a Infraestrutura
Ademir agradeceu aos vereadores Brandão e Tânia por uma emenda impositiva de R$ 100 mil destinada à reforma do centro comunitário, um espaço vital para atividades e acolhimento da população local. No entanto, fez um alerta preocupante: embora as obras de asfalto e calçamento estejam em andamento e o bairro esteja começando a ganhar uma nova cara, a empresa de saneamento Sanepar tem iniciado intervenções que comprometem o que está sendo construído. Segundo Ademir, a empresa já começou a quebrar o novo asfalto, prejudicando seriamente a durabilidade da obra. Ele pediu o apoio dos vereadores para intervir e evitar que o investimento público seja desperdiçado. “Do jeito que está ali, em dois anos não temos mais asfalto”, afirmou, enfatizando que já compartilhou imagens do problema com os parlamentares presentes.
Compromisso e Prestação de Contas
A sessão foi encerrada pelo presidente Lindomar Brandão com o compromisso do Legislativo de elaborar uma ata com todas as demandas e propostas apresentadas pelos representantes da comunidade. Essa documentação servirá de base para uma prestação de contas a ser feita em até 45 dias, demonstrando quais encaminhamentos foram dados a cada uma das reivindicações.
Considerações Finais
O que se viu nessa tribuna livre foi mais do que uma exposição de problemas – foi um chamado à corresponsabilidade. As lideranças representam vozes legítimas de uma comunidade que não quer mais ser invisível. Eles exigem atenção, investimento e presença. E, sobretudo, mostram que, apesar das dificuldades, há iniciativas poderosas e pessoas comprometidas construindo, dia após dia, uma nova realidade no bairro São João. Cabe agora aos representantes políticos e à sociedade civil ouvir, agir e acompanhar de perto o desdobramento dessas demandas. O futuro do São João pode – e deve – ser diferente. Mas para isso, é preciso que todos estejam dispostos a caminhar juntos.
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