Participou na sessão do Legislativo a Juíza da Vara da Família, Infância e Juventude de Pato Branco, Franciele Estela Albergoni de Souza Vairich, que abordou a importância da conscientização e o combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. Nos últimos anos, segundo a Juíza, houve um aumento significativo no número de denúncias de exploração sexual e abuso sexual de crianças e adolescentes no município de Pato Branco. Em 2020, durante a pandemia da COVID-19, quando as aulas presenciais foram suspensas, foram registrados 36 casos. Já em 2021, com o retorno parcial das aulas, esse número subiu para 59. Em 2022, com o ano letivo totalmente presencial, chegamos a 89 denúncias, e em 2023 foram 83 casos.
Para a ela, esse aumento reflete a importância da conscientização da população sobre essa problemática. Muitas vezes, as crianças fazem a revelação espontânea a pessoas com quem têm algum vínculo, como professores, que convivem diariamente com elas. Cabe a nós, como sociedade, estarmos atentos e sabermos como reagir quando uma criança ou adolescente nos confia algo tão delicado.
A Vulnerabilidade Independente da Classe Social
Outro dado relevante é que a exploração e o abuso sexual de crianças e adolescentes não estão restritos a determinadas classes sociais ou regiões do município. Dos 83 casos registrados em 2023, 44 ocorreram na região Sul, 17 no Centro, 13 na região Leste, 6 na região Norte e 6 na região Leste. Isso demonstra que essa violência pode acontecer em qualquer bairro, independentemente do nível socioeconômico da família. É importante ressaltar que, em 15% dos casos, os agressores eram pais ou padrastos das vítimas, 14% eram pessoas com algum tipo de relação institucional, como professores, padres ou vizinhos, e 69% eram outros familiares, como tios, avós e cunhados. Isso evidencia que a maior parte dos abusos ocorre dentro do próprio círculo familiar da criança ou adolescente.
A Importância da Escuta e da Denúncia
Quando uma criança ou adolescente decide confiar a alguém sobre uma situação de abuso ou exploração sexual, é fundamental que essa pessoa esteja preparada para ouvi-la e acolhê-la. Não cabe a nós questionar ou duvidar do relato da vítima, pois essa é uma tarefa da polícia e das autoridades competentes. Ao receber essa revelação, devemos apenas escutar atentamente, sem fazer perguntas, e, no final, dizer à criança que o que ela contou é muito sério e que ela precisa de ajuda. Podemos então oferecer nosso apoio e levar o caso às autoridades responsáveis, como a Delegacia da Mulher, que possui profissionais capacitados para investigar e dar o devido encaminhamento.
O Papel da Educação e das Políticas Públicas
Além da conscientização da população, é fundamental que haja investimento em educação e políticas públicas voltadas à proteção de crianças e adolescentes. Ações como a capacitação de professores para lidar com revelações espontâneas e a introdução de conteúdos sobre educação sexual nas escolas podem ajudar a prevenir e identificar casos de abuso. Também é necessário que o poder público se atente às vulnerabilidades das famílias e ofereça suporte e acompanhamento, de modo a quebrar o ciclo de violência em que algumas delas se encontram. Somente com uma abordagem ampla e integrada, envolvendo a sociedade, a escola e o Estado, poderemos avançar na proteção de nossas crianças e adolescentes.
Conclusão
A exploração sexual e o abuso de crianças e adolescentes são problemas graves que afetam toda a sociedade. Cabe a nós, como cidadãos, estarmos atentos, conscientes e dispostos a agir para proteger aqueles que são mais vulneráveis. Somente com a união de esforços, educação e políticas públicas efetivas, poderemos construir um futuro mais seguro e justo para nossas crianças e adolescentes. O convite havia sido formalizado pelos vereadores Maria Cristina de Oliveira Rodrigues, Romulo Faggion e Rodrigo José Correia.
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