Mesmo com diminuição de casos no Paraná, Saúde alerta sobre os riscos da hanseníase

No Dia Estadual de Conscientização sobre a Hanseníase, neste 26 de maio, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) reforça a atenção, mobilização e combate à doença, ressaltando a importância do diagnóstico precoce. O tratamento é oferecido de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar da diminuição do número de casos nos últimos anos no Paraná, somente em 2021 foram mais de 410 novos diagnósticos. Dados parciais da Sesa mostram que desde o início deste ano mais de 87 pessoas foram diagnosticadas com a doença.

O Brasil está em primeiro lugar no mundo em incidência de hanseníase e em segunda posição em número absoluto de casos, atrás apenas da Índia, que tem mais de 1,3 bilhão de habitantes. “Durante muitos anos, os pacientes com hanseníase eram isolados como forma de tratamento. Ainda hoje, o desconhecimento e o preconceito para com a doença existem e o medo das sequelas também, e por isso a importância da informação, em saber quais os sintomas e os sinais da doença”, alertou o secretário de Estado da Saúde, César Neves.

Dos casos confirmados no ano passado, 64% ocorreram em homens e 36% em mulheres, com média de idade de 52 anos, e 77% dos casos foram classificados nas formas graves.

“A hanseníase tem cura e o tratamento é oferecido gratuitamente pelas unidades de saúde do SUS. Mas se a doença não for tratada, há riscos de complicações graves”, afirmou a diretora de Atenção e Vigilância em Saúde, Maria Goretti David Lopes. “Os pacientes precisam se dirigir aos serviços especializados e seguir as orientações da equipe de saúde para que se obtenham os melhores resultados de tratamento e controle da doença”.

Hanseníase é uma doença infecciosa, contagiosa, de evolução crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Atinge principalmente a pele, as mucosas e os nervos periféricos, com capacidade de ocasionar lesões neurais. A boa notícia é que a hanseníase tem cura (desde a década de 1980) e cessa a transmissão assim que iniciado o tratamento.

AÇÕES – A Sesa tem o Plano Estadual para Controle da Hanseníase, o qual prevê ações integradas entre Vigilância e Atenção à Saúde que, apoiadas pela Assistência Farmacêutica, laboratorial e promoção da saúde, coordenam as estratégias para o controle da hanseníase no Paraná.

Entre elas estão a busca ativa para detecção precoce dos casos; tratamento; reabilitação; manejo das reações hansênicas e dos eventos pós-alta; investigação dos contatos de forma a interromper a cadeia de transmissão; formação de grupos de autocuidado e ações adicionais que promovam o enfrentamento do estigma e discriminação às pessoas acometidas pela doença.

TRATAMENTO – Na década de 1920, quando o Brasil enfrentava uma epidemia da doença, o internamento compulsório foi a política adotada para tentar frear a disseminação. Nesse contexto, diversos hospitais colônias foram fundados no país. O Leprosário São Roque foi o primeiro deles, inaugurado em 1926, em Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba. O avanço das pesquisas na área da hanseníase permitiu a abolição do internamento compulsório no País, que passou a oferecer o tratamento gratuitamente pelo SUS e em caráter ambulatorial, atualmente gerido pelo Estado.

Acompanhando as evoluções no tratamento, além do nome, o Hospital de Dermatologia Sanitária do Paraná mudou também seu perfil assistencial e trata hoje diversas dermatologias, mas continua sendo referência para todo o Paraná no tratamento da hanseníase, uma vez que possui uma equipe assistencial médica e multidisciplinar com muita experiência nessa patologia. Apesar de milenar, a hanseníase continua sendo um importante problema de saúde pública em muitos estados do Brasil, com alto potencial incapacitante.

“Esta data, 26 de maio, é uma oportunidade para sensibilizar gestores e profissionais da saúde e a população geral no reconhecimento da hanseníase enquanto problema de saúde e de relevância pública, a fim de aumentar a captação precoce de novos casos, prevenir incapacidades e combater os estigmas relacionados à doença”, afirmou Maria Goretti.

Os sintomas mais comuns:

Manchas com perda ou alteração de sensibilidade para calor, dor ou tato;

Formigamentos, agulhadas, câimbras ou dormência em membros inferiores ou superiores;

Diminuição da força muscular, dificuldade para pegar ou segurar objetos, ou manter calçados abertos nos pés;

Nervos engrossados e doloridos, feridas difíceis de curar, principalmente em pés e mãos;

Áreas da pele muito ressecadas, que não suam, com queda de pelos (especialmente nas sobrancelhas), caroços pelo corpo;

Coceira ou irritação nos olhos;

Entupimento, sangramento ou ferida no nariz.

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