Você já ouviu falar em cidades inteligentes (ou smart cities)? Surgido na década de 90, o conceito se refere a cidades que utilizam as tecnologias da informação e comunicação para otimizar serviços e estrutura e melhorar a gestão de recursos. Em última instância, esse processo torna a cidade mais sustentável e melhora a qualidade de vida de sua população. Alguns exemplos de processos adotados nas smart cities são o uso da tecnologia para monitorar o trânsito e a segurança pública; a digitalização do pagamento de tributos; os SACs informatizados e a automação das linhas de distribuição de energia.
Essa digitalização é uma tendência e os investimentos em redes de comunicação e sua automação vêm crescendo, o que desperta o interesse do mercado para as possibilidades: como aproveitar essa estrutura de conectividade para fomentar tecnologias que ajudem a desenvolver as cidades inteligentes? A cidade de Ipiranga, na região sudeste do Paraná, será o piloto de um projeto que busca essa resposta. Pesquisadores do Lactec, centro de referência em inovação e pesquisas tecnológicas com sede na capital paranaense, avaliam a aplicação de tecnologias para smart cities de uma forma que aproveite a infraestrutura de comunicação de sistemas de smart grids.
Ipiranga está na área de concessão da Copel Distribuição e foi a primeira cidade do país a ter todas as unidades consumidoras atendidas com medidores inteligentes. Em princípio, será testada a inserção de três tecnologias: automação da iluminação pública, medição inteligente de consumo de água e automação do monitoramento climático. O projeto de pesquisa e desenvolvimento atende demanda da subsidiária de distribuição da Copel e é realizado no âmbito do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Tecnologia que conecta
O gerente do projeto pela Copel, Tiago Augusto Silva Santana, lembra que as redes elétricas inteligentes irão abranger cerca de um terço da área atendida pela empresa de energia no Paraná. “Atendemos consumidores nos locais mais remotos possíveis. Essa capilaridade confere às distribuidoras um papel muito importante na promoção das cidades inteligentes”, analisou.
Os sistemas smart grids são considerados bons investimentos para uma cidade a longo prazo, já que reduzem a incidência de problemas técnicos na distribuição elétrica. O resultado é um maior controle desse processo, com redução de perda de energia, o que melhora a qualidade do fornecimento e reduz seus custos.
Os pesquisadores do Lactec desenvolveram módulos que conectam os dispositivos (luminárias, medidores de água e estação meteorológica) à rede de comunicação (smart grid) da Copel, em Ipiranga. Foi desenvolvido também um sistema para a coleta, tráfego e processamento de dados, via rede inteligente da concessionária. A previsão é que os equipamentos sejam instalados na cidade em setembro.
Conectividade
Para o coordenador do projeto pelo Lactec, Lourival Lippmann Júnior, sob a perspectiva tecnológica, uma cidade inteligente precisa de uma rede de comunicação de elevada permeabilidade para viabilizar a implantação das aplicações de smart city. Ele explica que uma das principais tendências para infraestruturas de comunicação de elevada permeabilidade e abrangência é o uso de redes mesh ou em malha, que são mais versáteis para as tecnologias de Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) e redes inteligentes.
Segundo Lippmann, as diretrizes do protocolo Wi-SUN — padrão relativamente novo no mundo e que começa agora a ser utilizado no Brasil —, aplicadas pelo projeto, trazem requisitos mais rígidos para garantir a segurança e confiabilidade na transmissão dos dados. De forma pioneira, o Lactec atua há mais de 10 anos na aplicação de protocolos que utilizam as redes em malha em projetos para o setor elétrico.
Sobre o Lactec
Instituto privado sem fins lucrativos, o Lactec é um dos maiores centros de ciência e tecnologia do Brasil. Seu maior diferencial é seu capital intelectual, composto por mais de 600 colaboradores, entre eles 150 especialistas, mestres e doutores. Abrange todas as áreas da pesquisa, ciência, meio ambiente e tecnologia e atua em todo o ciclo de inovação, desde P&D, ensaios e análises qualificadas até a execução de processos complexos para o setor de infraestrutura. São mais de 60 anos contribuindo com soluções inovadoras para o segundo setor, como empresas, indústrias e concessionárias de energia. Saiba mais em lactec.org.br.
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