Com média de 800 atendimentos mensais, Caps alerta para cuidados com saúde mental

A pandemia alterou o perfil dos atendimentos no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Pato Branco. Da busca por ajuda devido ao aumento de consumo de álcool e drogas à perda de alguém para covid-19, todos têm em comum o impacto da pandemia do coronavírus. Segundo dados do Caps, foram 5.238 atendimentos no semestre, um número que é ainda maior quando distribuído pelas unidades de saúde, que fazem acompanhamento em casos considerados “leves”.

Segundo a coordenadora da unidade, enfermeira Simone Fátima Duarte, a maioria desses casos são de pessoas que vivenciam o luto da perda de alguém por covid, pessoas que criaram traumas após se recuperaram da doença, que aumentaram o consumo de álcool e drogas devido ao isolamento e que apresentam desejos de suicídio.

“A covid-19 intensificou alguns atendimentos psicológicos porque o lidar com a perda se torna um desafio, uma vez que após a internação do ente não puderam se despedir, sem direito até a um velório. Além disso, há pessoas que se recuperaram da covid, mas que ainda vivem o momento em que souberam que seriam intubadas. Então a pandemia trouxe muitas marcas para as pessoas e que precisam ser cuidadas, pois falar em saúde mental é falar de doença, de algo que precisa ser tratado”, ponderou.
O Caps oferece acolhimento seja por encaminhamento das unidades de saúde, Samu ou por livre demanda – quando a pessoa busca por si o atendimento. Na unidade, que hoje funciona na Rua Itacolumi, o paciente que dá entrada ao sistema passa por uma avaliação. Se constatado caso moderado a grave, é escolhido o melhor tratamento no próprio Caps. Dentro das especialidades, no semestre, foram 1.682 atendimentos com clínico geral, 1.026 com psiquiatra, 775 com psicólogas, 746 com enfermeiras, 537 em terapia ocupacional e 472 em assistência social. Muitas vezes, um mesmo paciente passou por mais de uma especialidade.
Dentro desses casos, aonde há a preocupação com a saúde mental, Simone destaca que, muitas vezes, familiares dos pacientes ou mesmo eles carregam o estigma de pedir ajuda ou ir até à unidade. Segundo ela, é preciso romper estes mitos e trabalhar com seriedade sobre o tema, a fim de evitar quadros graves. Há sinais de alerta que devem ser levados em consideração para a busca por ajuda e que podem minimizar os impactos.  Entre eles estão mudanças bruscas de atitude; desejo de resolver assuntos pendentes; isolamento; repetição de frases que falem sobre o fim do desejo de viver; mudanças no hábito alimentar, de sono e humor; ansiedade e pânico; forte tristeza; sentimentos de solidão, impotência e desesperança.
Em caso de alguns desses sinais ser manifestado por algum conhecido é preciso buscar ajuda.  Junto com isso, também deve ser incentivada a prática de exercícios físicos, retomada de algum hobby e alimentação saudável. “Embora se trate de doença, os casos mentais devem ser trabalhados com impulsos positivos a fim de bloquear os impulsos negativos. Essa substituição de um pensamento pessimista por um hábito otimista pode fazer a diferença, aliado ao tratamento correto”, frisou Simone.
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