Projeto UTFPRecicla montou um laboratório de Informática na APAC

Pensar em ações que promovam a inclusão digital é premissa de quem tem compromisso com o social e um desafio que se apresenta diariamente, demandando esforços coletivos e o cumprimento às diretrizes voltadas à sustentabilidade, mas que, no entanto, resultam em ações que favorecem a toda a sociedade.

Com esse viés, o Projeto de Extensão UTFPRecicla, do Campus Pato Branco, é um exemplo de iniciativa que atua nessa área. O projeto completou mais uma fase nesta quinta-feira, 08, com a finalização da montagem e entrega de 10 computadores completos (cpu, monitor, teclado, mouse e sistema operacional), estruturando o primeiro laboratório de Informática, da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC), de Pato Branco. Além dos computadores, foi realizada toda a instalação da rede  elétrica, assim como o cabeamento e infraestrutura da rede lógica e acesso à Internet.

Os computadores foram recompostos a partir de máquinas em desuso ou consideradas obsoletas, doadas ao projeto por pessoas físicas e empresas de Pato Branco e Dois Vizinhos, dentre as quais destacam-se: a BondeTech Distribuidora, a CISS S.A., o Diário do Sudoeste, o Grupo Garcez e a Informaq. Alguns componentes e acessórios foram adquiridos com recursos próprios, pelo coordenador do projeto e professor do departamento acadêmico de Informática (Dainf), Fábio Favarim, bem como toda a verificação e recomposição dos computadores. Ele explica que contou com a colaboração especial do professor do DAINF, Adriano Serckumecka, na instalação da infraestrutura de rede lógica.

O trabalho de recomposição consiste em várias etapas, sendo realizado em caráter voluntário respeitando as prerrogativas relacionadas à sustentabilidade. “O que fazemos é recolher esses computadores das empresas, efetuar a recomposição, isto é, a partir de peças de dois ou mais, montamos um computador em excelente estado para doação às entidades. As peças que estão estragadas ou que estão muito defasadas, são destinadas ao descarte adequado. Desse modo, acreditamos que também estamos contribuindo para a preservação do meio ambiente”, declarou o professor.

As atividades do projeto vêm ocorrendo como alternativa na solução das lacunas existentes nessa área. O coordenador Favarim explica que, “de um lado estão empresas e pessoas físicas, as quais possuem computadores que estão obsoletos ou que não estão funcionando por algum motivo e que muitas vezes são descartados de forma incorreta, do outro lado há instituições assistenciais e escolas, que sequer possuem computadores ou ainda estão com seus equipamentos literalmente sucateados”.

Mesmo em período da pandemia do Covid-19, em que os alunos vinculados ao projeto acabaram voltando para suas cidades de origem, os trabalhos não cessaram e outras mobilizações viabilizaram a doação. Com mais este lote recomposto e a instalação dos computadores no laboratório na APAC, será oportunizada a inclusão digital e o desenvolvimento de inúmeras atividades com os recuperandos. Para a presidente da APAC, Neli Angélica Frozza Ariotti, “vem ajudar muito os recuperandos e o nosso trabalho. Eles vão começar a se envolver com uma área tecnológica, que é uma área supervalorizada e necessitada, hoje, no mercado de trabalho. Nós vamos ter a possibilidade de oferecer algum curso profissionalizante a distância, matriculá-los em algum curso que o Sistema S ou outros oferecem e assim eles consigam se inserir, mesmo fechados, nesse mundo que tá lá fora, através da tecnologia”, destacou Neli.

Prof. Adriano Serckumecka (Dainf-UTFPR); Prof. Fábio Favarim (Coordenador do Projeto/Dainf-UTFPR); Eduardo Henrique Benthac Ecker, (Gerente da APAC); e Neli Angélica Frozza Ariotti (Presidente da APAC)

De acordo com informações do gerente da APAC, Eduardo Henrique Benthac Ecker, os benefícios em ter o laboratório à disposição são inúmeros, desde a capacitação, profissionalização e a ressocialização dos recuperandos. “Nós não tínhamos um laboratório de informática. Foi instalado numa área de trabalho deles e vai ser destinado agora, também, para o estudo. Iremos alfabetizá-los digitalmente, pois muitos não têm conhecimento de informática básica”, revelou Eduardo.

O gerente explica sobre outras atividades já planejadas para a sequência. “Iremos direcioná-los para cursos profissionalizantes que foram fornecidos através de uma parceria com o SICOOB. Serão mais de sessenta cursos disponibilizados pra eles, a partir de agora, desde informática básica, word, excel, também voltado a área de manutenção de carros, manutenção de veículos, de gestão, e capacitação em português básico e inúmeros cursos que vão ajudar muito a eles”, destacou o gerente.

A APAC

É uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, cuja finalidade é recuperar o preso, proteger a sociedade, socorrer as vítimas e promover a justiça restaurativa. No Município, a Organização mantém 45 pessoas em recuperação, sendo esses todos do sexo masculino.

A educadora social da APAC, Camila Ferreira, informou que a Organização possui uma metodologia rigorosa, baseada em 12 elementos. “A partir disso, nós conseguimos realizar a recuperação do detento, que por sua vez, chamamos de recuperandos”. Os elementos são: partição da comunidade; recuperando ajudando recuperando; trabalho; espiritualidade; assistência jurídica; assistência a saúde; a família; o voluntariado; CRS- Centro de Reintegração Social; mérito; jornada de libertação com Cristo; e valorização humana.

Camila informou que “esses elementos são a engrenagem da recuperação, quando todos estão girando de forma correta, certamente a evolução acontece, e dessa maneira conseguimos inserir na sociedade pessoas com desejo de mudança de vida”, destacou.

Com relação a remição da pena, “eles podem remir por trabalho, que fazemos através dos termos de cooperação com as empresas que se interessam, bem como através da laborterapia, que nada mais é que a confecção de artesanatos. Além disso, eles podem remir através da resenha de uma obra literária”, explicou a educadora.

UTFPRecicla

O projeto está em funcionamento desde o ano de 2012 e tem dois objetivos principais: realizar a reciclagem de computadores de modo a oferecer uma maior vida útil aos computadores considerados inviáveis economicamente e destiná-los a entidades assistenciais e educacionais do município de Pato Branco e região. Outro objetivo é capacitar jovens em teoria e prática de montagem e manutenção de computadores; instalação e configuração de sistemas operacionais e aplicativos, assim como instalação e configuração de periféricos.

 Desde sua concepção a iniciativa recebeu cerca de 500 computadores, que resultou em cerca de 200 unidades em plenas condições de uso, os quais foram destinados às entidades de Pato Branco e região. A condução do projeto tem sido possível devido à integração da Universidade e de empresas da região. As principais empresas que já contribuíram foram Atlas Eletrodomésticos, CISS S.A., GP Combustíveis, Informaq Computadores e Serviços, Bondetech Distribuidora, Grupo Garcez e Diário do Sudoeste. Gradativamente, mais empresas e pessoas estão se manifestando e agregando esforços ao Projeto.

Expectativas e participação da comunidade

As ações de coleta e recomposição de computadores terão continuidade e, inclusive, podem vir a contemplar mais entidades beneficiadas. As empresas e pessoas físicas que quiserem contribuir doando seus computadores obsoletos ou com alguma peça estragada, monitores, teclados, mouse, etc, podem entrar em contato com a coordenação do projeto, pelo e-mail favarim@utfpr.edu.br manifestando a demanda para programar o recolhimento. Do mesmo modo, as entidades que estão precisando de equipamentos, podem manifestar o interesse utilizando esse contato. No entanto, a coordenação destaca que o objetivo não é recolher lixo eletrônico, mas equipamentos e/ou peças que possam vir a ser reaproveitadas e, em relação às doações, ressalta-se que não é feita doação direta dos equipamentos para pessoas físicas.

Em linhas gerais este projeto traz uma proposta cidadã: conhecimento focado na inclusão digital que contribui para a inclusão social e a preservação ambiental.

Da assessoria

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