A Secretaria de Estado da Saúde investiu quase R$ 800 mil na modernização e na descentralização do atendimento primário em saúde de Mangueirinha, no Sudoeste do Paraná. Os recursos foram aplicados em duas novas unidades básicas e ajudaram a dividir os trabalhos que eram executados exclusivamente no Centro de Saúde de Mangueirinha, espécie de UBS Central do município.
A Unidade de Saúde da Família (USF) Vereador João Galli, no bairro Vila Verde, e a USF de Apoio Rural, na Invernada do Nardo, se juntaram à USF Paraná, que fica no bairro Gomes, inaugurada em 2018. Elas formam um cinturão de atendimento “na cidade e no interior”, no dito popular de quem vive em municípios marcados pela produção rural e pelas longas distâncias entre o chão e o asfalto.
“Adotamos desde o começo da gestão uma política de descentralização na saúde, isso em todas as etapas de atendimento: atenção primária, secundária, com o apoio dos consórcios, e especializada, inclusive com novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e novos hospitais”, afirma o governador Carlos Massa Ratinho Junior. “Atendimento perto da casa das pessoas é primordial para a qualidade de vida”.
“Essa política de atenção aos municípios é perene no Estado porque sabemos das urgências e das regiões com atendimento deficitário. O Paraná tem uma rede consolidada, mas vamos crescer nos próximos anos. É o caso dos investimentos de Mangueirinha, que ajudam a separar o atendimento, impedem filas e aglomerações”, complementa o secretário estadual de Saúde, Beto Preto. “Essa organização é fundamental para melhorar o apoio às populações mais vulneráveis”.
A Unidade de Saúde da Família João Galli, inaugurada em junho, em meio à pandemia provocada pelo novo coronavírus, é responsável pelo atendimento dos bairros Vila Verde, Mercedes, Cacique Kretan, Pouso Alegre e Bela Vista, uma área com aproximadamente 2 mil moradores na região Norte. Ela é do tipo 1, composta por uma equipe de saúde da família, além de uma equipe de saúde bucal.
O espaço interno conta com sala de vacinas, sala de espera, farmácia, puericultura (desenvolvimento infantil), sala de reuniões, odontologia, um consultório de enfermagem e um consultório médico, além da central de esterilização de materiais. O investimento total foi de R$ 794.860,75, sendo R$ 600 mil do Estado e o complemento de contrapartida municipal.
Desde junho já são 30 consultas médicas por dia, em média, mais 30 de enfermagem e 16 odontológicas. Beatriz Bertoldo de Oliveira, 52, é prova viva da transformação porque a USF fica exatamente na frente da sua casa. “Ficou bem perto para todos do bairro. Antes tínhamos que sair antes das 6 horas para conseguir uma senha no Centro. Mudou bastante, ficou bem mais fácil”, afirma. “Às vezes tinham que sair com criança, até mesmo na chuva, e essa nova estrutura tem sala de espera, abrigo”.
José Antunes de Alcântara, 44, diz que a unidade perto de casa evita deslocamentos para quem precisa de um atendimento rápido na saúde. A unidade central fica a cerca de dois quilômetros da nova estrutura. “Antes tinha que ir na central, pegar ficha, agendar para o outro dia, e só depois consultar. Agora chega no dia e já é atendido. A antiga tinha muita fila, inclusive para fora do portão”, ressalta.
Os profissionais da nova USF vão ajudar no desenvolvimento de programas como o preventivo para as mulheres, atendimento domiciliar, cuidados paliativos de saúde para idosos e crianças, discussões sobre as políticas de diabéticos e hipertensos, iniciativas como Agosto Azul e Outubro Rosa, e ações em parceria com o Centro de Atenção Psicossocial (Caps), que também ganhará um novo prédio.
A médica Ana Flávia Rodrigues trabalhava no Centro de Saúde de Mangueirinha. Eram três equipes de saúde da família e um centro de especialidades em apenas uma estrutura física. “Era muita coisa para ser administrada num lugar só. Essa divisão foi de extrema importância para cada equipe garantir o pleno atendimento de sua área”, afirma. Segundo ela, a demanda da unidade é geriátrica, como dor crônica, hipotireoidismo e diabetes.
Uma das estratégias na USF João Galli, voltada para o perfil do público, é mapeamento dos idosos da circunscrição. “Construir é fácil, mas o mais gratificante é levar condições. O ganho é ter equipe, os medicamentos, tudo o que o paciente tem por direito. Essa é uma unidade voltada para uma população mais idosa, então agora estamos mapeando esse público. Temos uma diretriz para todos, mas queremos tratar as particularidades para ajudar a sanar os problemas da nossa população”, acrescenta o secretário de Saúde de Mangueirinha, Ivoliciano Leonarchi.
Rural- A USF de Apoio Rural será fundamental para cerca de 500 pessoas da Invernada do Nardo, no assentamento rural Morro Alto, que existe há mais de 20 anos em Mangueirinha. O investimento é de R$ 157.825,00. A obra iniciou há três meses, já atingiu 25% e a previsão de conclusão é para dezembro.
Ela será menor, com área de 86 metros quadrados, mas terá consultórios de atendimento médico e odontológico. A Invernada do Nardo fica a cerca de 40 quilômetros do Centro de Saúde de Mangueirinha, onde ainda são atendidos os pacientes dessa região. O município tem oito equipes de saúde da família e sete equipes de saúde bucal. As unidades básicas são parte de uma programação que contempla, ainda, sede própria da Vigilância Sanitária, clínica municipal de fisioterapia, uma nova central de distribuição de vacinas e a construção de um novo Caps – Centro de Atenção Psicossocial.
“O impacto dessas novas unidades e das mudanças que fizemos em Mangueirinha é muito significativo. A unidade central atendia pronto-socorro e concentrava todas as equipes de saúde da família. Descentralizamos, levamos as equipes para perto dos usuários. Fizemos a João Gralli na Zona Norte, onde a cidade cresceu muito, e a USF Paraná, que pegou os bairros mais humildes”, resume o secretário municipal de Saúde. “E, por fim, o pronto-socorro foi alocado junto ao Hospital São Judas Tadeu para potencializar o seu atendimento”.
A cidades – Mangueirinha é um município localizado na região dos Campos de Palmas que tem uma reserva indígena com duas tribos, os Guaranis e os Kaiguangues. O nome é um diminutivo de mangueira (curral), lugar onde se recolhe o gado. A cidade de 16 mil habitantes tem vocação agrícola como principal plataforma econômica, mas tem estimulado cada vez mais a atração de indústrias e serviços comerciais.
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